Meu filho não presta, ele é ruim para mim!
Por Rodrigo Sales
Um certo dia estava eu na sala de evangelização prestes a
fechar a porta para iniciar a aula, quando
uma mulher muito bem vestida chega com uma criança ao seu lado para colocar o
menino dentro da sala. Ao abordá-la identificou-se como sendo a mãe daquela
criança.
Após os cumprimentos iniciais a mãe tomando a palavra falou:
– Trouxe meu filho para que você dê um jeito nele.
Aquela ordenação me fez rapidamente refletir sobre o quanto
se encontrava equivocada aquela mãe a respeito da evangelização infantil,
retirei o sorriso dos lábios e mantive-me sério com o intuito de melhor
esclarecer o trabalho realizado; foi quando ela me afirmou algo que me fez
verdadeiramente compreender o quanto que estava equivocada não somente sobre o trabalho
de evangelização mas também com o propósito da vida, ela disse:
– Este menino está tirando meus nervos, você não sabe o
quanto ele é ruim para mim. Ele é tão ruim que só faz me dá problemas na
escola, não gosta de se vestir muito elegante quando saio com as pessoas, me
mata de vergonha quando me corrige em público e ainda me dá fortes preocupações
por sair de casa a mando meu para ir comprar algo na venda e voltar a hora que
quer. Como esse menino é ruim para mim!
Eu olhei para mãe após ter ouvido estas palavras e outras
que não lembro-me, porém com o mesmo fundo, e num tom de voz compassivo disse:
– Mãe, o seu filho é para você a pessoa mais bondosa e
maravilhosa que existe.
Ao ouvir aquilo a mulher arregalou os olhos e deixou transparecer pelo semblante o quanto que a frase a deixara confusa.
Foi quando tornei a palavra e a expliquei:
– Acontece mãe que nada na vida é ruim para nós. Deus o
pai de amor e de bondade jamais permite que seus filhos sofram e por isso
jamais colocaria alguém em nossa vida que fosse esse alguém um ser ruim para
nós. Todos que estão conosco estão por um propósito maior, pois encontram-se em
processo de aprendizado nessa grande escola que é a Terra. Seu filho é um dos
que lhe rodeia e desta forma é um dos que aprende com você na mesma intensidade
que você busca aprender com o que ele está dizendo ou fazendo. No momento em
que ele reflete atitudes ditas equivocadas é devido ao fato de necessitar, como
todos nós, de reparos e estes são oferecidos por aqueles a quem Deus confiou
para a tarefa da maternidade ou paternidade. Os diversos casos de seu filho não
podem ser considerados como um tratado de maldade para você e sim como clamores
para que a sua alma possa melhor se preparar para atender os anseios dele.
A mulher ficou olhando para mim desconsertada por não saber
o que dizer diante de tudo que foi abordado, e perguntou:
– Então ele é, em outras palavras, importante para mim?
Eu respondi que sim, porque era aquela criança que iria
fazer a mãe compreender a importância da humildade, do respeito, da disciplina
nos horários, da paciência, da tolerância, e acima de tudo do amor.
E num gesto de aceitação, aquela mãe foi para a reunião pública
evangélica da tarde e eu entrei na sala para auxiliar aquela criança, mostrando
os ensinos do senhor Jesus e também a outras que se encontravam ali com os
espíritos desejosos, mesmo que inconscientemente, de renovação.
Na vida nós achamos que aquilo que não nos agrada é ruim,
principalmente tratando-se de nossos entes queridos ou familiares próximos.
O Espiritismo nos ensina que a consanguinidade dos laços
tornam-nos perecíveis devido o encontro com a morte, e nos esclarece que os
laços do espírito matem-se vivos por toda a eternidade.
Esta mãe provavelmente aceitou receber o filho por uma
proposta de ser ele a chave para abrir a porta do caminho da redenção, e este
filho escolhendo a mãe observou nela condições que tornaria perfeitamente
possível ele alcançar a grande meta de todos os espíritos: a evolução.
Por isso que em situações como estas nem sempre podemos
balançar a cabeça num simples ato de concordar com o que está sendo dito para
nós. É preciso esclarecimento, é preciso mostrar a verdade dos fatos porque
segundo o próprio senhor Jesus A verdade liberta o homem da escravidão de si
mesmo.
O caso desta mãe é muito comum em muitas famílias e muitos
lares pelo fato de as criaturas não considerarem o verdadeiro amor de Deus, que
de múltiplas formas faculta a nossa melhora fazendo-nos almas melhores para o
futuro promissor.
É claro que no momento que nos encontrarmos sem forças e que
as circunstâncias estejam verdadeiramente nos atrapalhando, devemos recuar e
descansar um pouco dessas circunstâncias, porém aquelas outras em que podemos
nos esforçar para solucioná-las e conseguir lidar melhor não podemos abandonar,
e a crença nesse Deus de amor faz-nos não desistir porque Ele não coloca fardos
pesados em ombros frágeis.
Portanto, nos caminhos da vida busquemos aproveitar todas as
formas possíveis para a nossa reparação espiritual, seja quem for do jeito que
for ou como for não percamos a oportunidade de nos melhorar a partir dessas
situações que consideramos ruins, que são na verdade potencializadas formas
educativas para o nosso espírito ainda recalcitrante e necessitado de ensinamentos.
Muita paz.
(Este fato ocorreu em uma das aulas de evangelização espírita
infantil realizada pelo autor.)
Muito boa a sua colocação, Rodrigo. Ser jovem e espírita tem dessas vantagens rsrsrs... Você soube usar muito bem da oratória e da sensibilidade para mostrar a essa mãe o sentido real dos fatos. Gostei muito desse finalzinho: "...nos caminhos da vida busquemos aproveitar todas as formas possíveis para a nossa reparação espiritual, seja quem for do jeito que for ou como for não percamos a oportunidade de nos melhorar a partir dessas situações que consideramos ruins, que são na verdade potencializadas formas educativas para o nosso espírito ainda recalcitrante e necessitado de ensinamentos". Obrigado por compartilhar disso conosco. Abreijos!
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